sábado, 27 de novembro de 2010

A aplicação dos conceitos de Edgar Morin na vida acadêmica e profissional enquanto psicólogos


Edgar Morin apresenta através de um conjunto de idéias um paradigma denominado Pensamento Complexo, podendo esse ser aplicado na vida estudantil ou mesmo numa intervenção psicológica. O entendimento de “complexo” aqui seria aquilo que não é redutível a uma única abordagem ou visão, ou seja, é aquilo que se apresenta de forma multidimensionalmente, etimologicamente significa “aquilo que é tecido em conjunto” (do latim complexus).

Na busca de uma conceituação do Pensamento Complexo, Morin se depara com três macro-conceitos: O princípio dialógico, nele subentendendo-se que devemos, em nossas explicações, assumir e utilizar duas lógicas concorrentes, contraditórias até, e não apenas uma. O segundo é o princípio da recursão organizacional, sendo este regido pela causa-efeito, não somente ditando que a causa produz efeito, mas que o efeito também produz ou retroage sobre a causa. O terceiro e ultimo é o princípio hologramático, no qual diz que a parte está no todo assim como o todo esta presente na parte, não havendo uma dissociação entre parte e todo e que a totalidade não é meramente a soma das partes, ela é sempre aberta e distinta.

Morin discorre também sobre a ordem tetralógica de todo sistema vivo (ordem, desordem, interação, (re) organização); os sete saberes necessário; e as recusas fundamentais. Contudo o foco será dado no quinto saber (dentro os sete saberes necessários), a incerteza. Apesar de, nas escolas, o ensino ser baseado somente nas certezas, como se a ciência fosse à verdade absoluta e a história fosse feita de forma linear e progressista. “A tomada de consciência da incerteza histórica acontece hoje com a destruição do mito do progresso. O progresso é certamente possível, mas é incerto” (MORIN, 2000, p.80).

Na psicologia, tanto quanto em outra área deve-se reconhecer a incerteza e sobretudo a incerteza do conhecimento, afinal, por mais que a psicologia tenha como foco principal ajudar o homem a resolver ou ao menos amenizar seus problemas de ordem psíquica ela não é uma verdade absoluta no qual os estudantes/profissionais da área de psicologia deve se ancorar de forma absoluta. É claro que é importante se aprofundar numa das escolas especificas, mas uma das coisas que deve se ter em mente é que cada uma delas tem uma forma de tentar interpretar o mesmo ser humano, não tornando, assim, uma melhor ou “mais certa” que a outra e sim uma maneira de analisar o mesmo homem.

O estudante/profissional nesta área além de ter que reconhecer que a sua ciência é incerta e portanto sucetivel a falhas como qualquer outra forma de pensar existente, tem que procurar conhecer e trabalhar outras áreas em conjunto com ela, com o intuito não somente de amenizar a incerteza do proprio conhecimento em psicologia, mas também para facilitar o trabalho com algum cliente ou mesmo lidar com a vida cotidiana. Logo não se deve considerar o indivíduo de forma isolada para somente a partir disso auxilia-lo e sim ter em mente que essa pessoa faz parte de um todo, tanto ela quanto o psicologo são parte de um todo, que intitulamos como sociedade. Faz-se necessário procurar conhecer o contexto socio-econômico que esse ser humano vive e não simplesmente começar a trata-lo da porta do consultorio para dentro (ignorando maior parte de sua vida, cotidiano ou crenças). É importante sobretudo valorizar outras formas de conhecimento e não somente a ciência, afinal, ela não é o conhecimento absoluto do mundo e sim uma das visões de mundo, que por mais que seja o de maior força nos dias de hoje, não significa que é uma certeza absoluta (basta lembrar os tempos em que o pensamento religioso era o dominante e egocentricamente se colocava como verdade absoluta), logo não devemos ter essa mesma prepotência de achar que a ciência é uma verdade absoluta e sim aceitar as incertezas e se ver como uma espécie de membrana que retem varios tipos diferentes de conhecimentos e aprender a trabalha-los juntos como parte de um todo ao invés de pedaços isolados. Não somos razão pura ou emoção pura, a arte por mais que tenta explicar sem palavras o inexplicavel, não seria nada se não fosse capaz de dialogar com a ciência ou religião e sobretudo não soube-se admitir a sua propria incerteza.

Referências

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999, p. 13-33.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. 2 ed. Brasília, DF: UNESCO, 2000. Capitulo 5. P.80.

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